quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

A INDUMENTÁRIA

O carnaval estava por se aproximar e ela não tinha roupa pra folia. Suas roupas velhas; rotas e rasgadas não condiziam com sua realeza de rainha do carnaval carioca.
Estava sem patrocínio e, mesmo de biquini de lantejoulas, não tinha como desfilar nos blocos.
Nua?! Nem pensar! Muito menos nua com a mão no bolso que estava furado. De onde caiam seus centavos.
É a vida. Como a cigarra, gastara todo seu décimo terceiro salario mobiliando a casa. E agora?
Sair de mortalha com as sobras dos anteriores carnavais? É o jeito.
Fantasiaria-se de andrajos. Sairia de mendiga! Que horror!
Claro, sua formas não eram mais tão belas e teria que esconder o barrigão. Ledo engano pois os andrajos eram furados e mostrariam sua pseudo gravidez.
Carnaval... festa da carne?
Festa? Não tinha dinheiro para comprar nem o pão. Haja fôlego meu caro folião!
Sexta de carnaval. Ela sai timidamente à rua. E encontra vários mendigos. É o bloco da ceguinha. Bloco dos servidores do tribunal de justiça que faziam da folia sua forma de manifestação.
Vieram outros foliões vestidos de tropa de choque e todos se confraternizaram. Seguiram em cortejo fúnebre até a Guanabara onde o rei momo à sacada estava jogando pérolas aos porcos.
O final? Não sobrou nenhum destroço

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