segunda-feira, 28 de outubro de 2013

VELOCIDADE

A velocidade me atormenta.
Me aguça a ansiedade.
Ela não me deixa em paz.

O ponteiro do relógio não gira
ele foi substituído pelo visor do celular e a tela dos computadores
A comunicação e o contato cada vez mais estreitos me sufocam.
É interessante que quanto mais estreitos,
menos contato há.

Sinto saudades do telefone fixo que não se move,
do telefone sem fio que também perdeu sua mobilidade.
Das cartas que demoravam semanas e se sentia uma ansiedade que não fazia mal.

Alguém se lembra da "turma da linha"?
Era o chat esquizofrênico dos anos 80.
Todo mundo queria se ver
mas a maioria dos encontros furavam.

O chat do facebook,
o falecido msn
o frenético whatssap
cada vez mais gente entrando
cada vez mais gente ficando de fora.

A facilidade do contato eletrônico
faz o contato fisíco se tornar tão banal que tudo perde a graça
o encanto
o mistério.
Está logo ali ao alcance dos olhos e dos dedos
mas o que é tocado é inerte.
Os recursos linguísticos são pobres
e não conseguem sair do papel
muito menos tocar a boca

É um atropelo em cima do outro.
Não, não foi isso o que eu quis dizer.
Você entendeu errado,
não viu meu rosto
muito menos ouviu a entonação da minha voz

Pior ainda é quando se prefere interagir com a máquina.
Há os joguinhos de hoje...
vão dar muito dinheiro aos ortopedistas e fisioterapeutas.
Alguém precisa se salvar neste mundo.

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