sábado, 29 de junho de 2013

SEMENTES

Tenho medo disso tudo. Palavras o vento leva, não as destrói. Vão para outros lugar onde, como sementes, podem ou não germinar.
Seus frutos podem ser bons ou ruins, depende da semente.
Antes de proferi-las, é necessário as escolher, com quando se catam feijões.
As impurezas devem ser separadas dos caroços bons para que a comida seja algo saboroso e nos faça bem. Ou então o plantio possa ser parte de um germinar que vá trazer alegrias não só a quem plantou, mas também a quem irá colher.

FURANDO FOLHAS

O bicho pegando lá fora e nós aqui furando folhas. Folhas e mais folhas. Folhas de papel, é claro. Folhas que resolvem e não resolvem, ao mesmo tempo, tanta belicosidade.
Lá fora quase não há mais árvores. Não há sombras protegendo as pessoas do calor do verão que já passou.
Há outras sombras que precisamos dissipar para manter o alto astral e prosseguir em frente. Não podemos dar espaço à belicosidade, mas sim a uma resistência pacífica como diria Gandhi. Não podemos nos igualar àqueles que criticamos.

COLECIONANDO NOMES

Dia a dia, Joaquim catava nomes considerados esdrúxulos no meio do material de trabalho. Ria e sorria imaginando o porquê dos pais nomearem seus filhos com nomes tão incomuns: Gerafrildo, Feoloci e muitos outros chocavam e divertiam a todos.
Coitadas dessas pessoas. Quantos problemas de aceitação deveriam ter passado ao longo de toda ou quase toda sua vida? Coitados de seus colegas de nomes diferentes.
Ser diferente é ruim? Ou é uma forma de se ressaltar a tantos lugares comuns da vida em que vivemos?
Roberto e Cristina não pensavam assim, mas também se divertiam com a pilhéria.
Nomes também considerados estranhos curiosamente não causavam espanto: Kenya e Narjara. Eram o nome de duas pessoas que trabalhavam ali. Todos delas gostavam e as admiravam devido à sua pouca idade aliada ao senso de responsabilidade.
Apenas uma pessoa implicava com elas, com certeza na vã tentativa de esconder a mesma admiração que todos ali nutriam por elas, ou mesmo para divertir a todos, assim como Joaquim, contribuindo para amenizar o peso do dia a dia.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

ALTOS E BAIXOS



Muitas ideias, muitas inspirações. A vontade de escrever vem quando eu menos espero. Motivada por fatos externos e internos do meu ser.
Vontade de desabafar, mas este blog não é um confessionário; até porque muita gente o lê, graças a Deus.
Altos e baixos acontecem na vida de todo mundo, inclusive na minha e na sua. Temos que estar preparados para a fase de estiagem, para depois adubarmos a terra e termos uma boa colheita.
Se para fazer um omelete, temos que quebrar os ovos, temos que ter cuidado para não nos ferirmos na cozinha. A vida é isso.

domingo, 23 de junho de 2013

BERÇO DE OURO



O berço de ouro
Ouro de besouro
Ouro de muitos tolos
Ouro jogado à toa

O berço não é de ouro
É de criança
Criança que nasce
E renasce nova esperança

quinta-feira, 20 de junho de 2013

MEDO



O medo assusta, amedronta, paralisa. Mas também protege dos perigos que vemos e os que estão escondidos na cortina de fumaça que construímos ao redor de nós mesmos.

Cortina de fumaça... fumaça se dissipa no ar, a assopramos. Cortina esconde a luz do dia à frente da janela. Janelas se abrem ou se fecham. Depende do momento.

Cuidemos de nossas cortinas e de nossas janelas para sabermos o momento certo de mantê-las fechadas nos protegendo do caos do dia a dia e abrindo-as para sentir o calor do sol e o frescor do dia.

domingo, 16 de junho de 2013

PEDAÇOS DE GRAMPOS

Onde eu acho pedaços de grampo? - perguntou o colega de trabalho.
Pergunta insólita prontamente respondida pelo colega solícito: haverá os tais fragmentos em gavetas azuis. Poderiam ser de outra cor, mas as gavetas eram azuis. Um azul desbotado igual ao arcaísmo próprio do local - uma repartição pública típica do século XXI.
Pra que, pergunto eu, o colega queria pedaços de grampo? Pergunta essa feita mentalmente por todos ali em moroso trabalho. Apenas mentalmente, pois todos preocupavam-se muito mais com seus próprios pedaços para, tão logo possível, construírem um  grampo inteiro. Na verdade, não apenas um grampo todos ali gostariam de reunir; mas uma caixa completa que, juntada a outras caixas, serviriam a unir os sonhos e desejos de uma rotina menos pesarosa. Rotina essa infelizmente necessária frente à tanta lide no moderno século XXI.
O primeiro colega que desejava tais pedaços abre a gaveta, procura e grampos de espessa espessura encontra. São muito grossos, rígidos; não é possível retalhar para ter os pedaços desejados. São próprios para instrumento robusto não encontrado ali naquela serventia. Os grampos são uns e seu destino é outro. Nem pedaços, nem grampos. O perguntador sai de cena e vai buscar em outra serventia na vã esperança de encontrar agulhas em palheiros.

sábado, 8 de junho de 2013

FOLHAS DIVERSAS

Recolho as folhas que estão espalhadas pela mesa. Folhas e mais folhas dispersas, diversas, controversas. Folhas que contém o meu esboço, o meu rascunho. Rascunho de uma obra que já nasceu incompleta.

Junto uma a uma, depois as embaralho. Criam formas independente de um livro. Elas são um livro, mas não encadernado. A ordem para ler não segue uma numeração em sequência, e sim este embaralhamento.

Pinço uma a uma. As reordeno numa nova ordem. Nasce então um novo livro.