quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

CRIAÇÃO


Gravetos.

Gravetos travessos.

Meninos travessos.

Carregam os espetos,

que futucam

o solo,

a terra,

a areia

e a argila.

A argila ainda menina,

com a qual

o artista se fascina,

criando diversas obras em sua humilde oficina.


Cria também gravetos de argila,

recém-retirada do solo,

da terra batida,

onde a areia igualmente se dissolve

e envolve, de repente, algo que surge:

é ela! A Sereia disfarçada de serpente!


No lodo da praia,

se lambuza e enlameia.

A Sereia se enlameia,

se lambuza,

tosta e se bronzeia.


Ela pode.

O mar, os gravetos lhe tiram;

do solo, seus dejetos lhe extirpam;

os espetos, sua cauda bandeia.


Gravetos, trazidos por meninos travessos,

não passam de mera e banal brincadeira.


Os matizes do solo

refletem sua beleza

e, mais uma vez,

fascinam o artista

que tenta,

em vão,

reproduzir,

com os elementos da terra,

sua exótica e inigualável beleza.

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